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Suprema Corte de Israel exige mudar traçado do “Muro” A Suprema Corte de Israel ordenou hoje que se altere o traçado da “Cerca de Segurança” na Cisjordânia, em cerca de 30 quilometros ao norte de Jerusalém , com o objetivo de preservar os direitos dos cerca de 35.000 palestinos que vivem naquela área. A sentença pede também que uma parte da cerca já construída seja desmantelada. O Ministério da Defesa declarou em comunicado que acatará a decisão judicial: “Os responsáveis pela segurança de Israel aplicarão a decisão do Supremo Tribunal e definirão um novo traçado da cerca tomando em conta os princípios estabelecidos pelo Tribunal.” [ AFP, 30|06|04 ] |
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Mudando o traçado da cerca
A construção da cerca e muro de separação através da densamente povoada região área a nordeste de Jerusalém trará uma ruptura intolerável nas vidas de mais de 200.000 moradores. Estes são os grandes bairros árabes no leste da cidade, que se expandiram consideravelmente desde a anexação por Israel de Jerusalém Oriental após a Guerra dos Seis Dias. Em 1967, cerca de 65.000 árabes habitavam Jerusalém Oriental enquanto hoje, 37 anos depois, eles chegam a 230.000. A maior parte do incremento populacional foi absorvido nos bairros a nordeste da cidade, espalhando-se ao longo da principal estrada que leva a Ramalah.
Esses bairros estão parcialmente na jurisdição do município de Jerusalém e parte na Cisjordânia. Esta situação singular foi criada porque, quando a parte oriental da cidade foi anexada, as autoridades israelenses desejavam incluir também o pequeno aeroporto de Atarot dentro dos limites de Jerusalém. Após o acordo de Oslo, a fronteira municipal se tornou a fronteira política entre Israel e a Autoridade Palestina, que corta bairros, bairros e edificações.
Enquanto os árabes de Jerusalém e da Cisjordânia dispunham de liberdade de movimento, nenhum problema especial emergiu nesses bairros. Palestinos com carteiras de identidade israelenses e documentos de identidade da Cisjordânia usavam os mesmos serviços. Eles trabalhavam, e ainda trabalham, nos mesmos lugares. Seus filhos vão às mesmas escolas, oram na Mesquita de Al-Aqsa e vão aos hospitais, agências bancárias e representações em Jerusalém Oriental.
Após ser completada a cerca e o muro passando (cerca de 2 quilometros) no meio da estrada para Ramalah, todos os moradores da região que ficarem do lado de fora do muro – 200.000 pessoas – serão forçadas a passar através de um grande terminal, que é previsto para ser construído onde está hoje o posto de controle de Kalandia. Um terço daqueles que querem passar terão cartões permitindo sua passagem livre para Jerusalém e Israel, e muitos outros, com identidades da Cisjordânia, terão permissões permanentes para entrar apenas em Jerusalém, especialmente para trabalho, estudos e tratamento médico.
Embora não haja claras estimativas do número de palestinos que terão que passar diariamente através do terminal, é claro que chegarão a dezenas de milhares. Muitas crianças que vão a escolas próximas a suas casas serão forçadas, após completada a cerca, a passar pelo terminal por um caminho que tomará muitas horas. Muitos daqueles que atravessarão chegarão ao terminal em horários de pico, e grande comoção e tumulto são previsíveis.
De fato, toda uma estrutura de vida dos árabes da região deverá se desintegrar. O traçado da cerca na Samária (Norte da Cisjordânia) privou milhares de moradores árabes de seu sustento, após eles terem voltado a trabalhar suas terras por terem perdido suas fontes de renda em Israel.
Mais de uma vez, o aparato de defesa israelense mostrou compreensão pela intolerável situação e mudou um pouco a rota. A cerca próxima s Baqa Al Garbiyeh foi posta abaixo e seu traçado foi alterado. Os planejadores da cerca no nordeste de Jerusalém deveriam também considerar os prejuízos e sofrimentos que o atual traçado está causando, e agir para mudar o traçado de forma a minimizar ao máximo possível os danos.
[ editorial do Haaretz em 30|06|04 – traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]