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O menino de 3 anos Afik Zahavi e Mordechai Yosepov, 49 se tornaram ontem em Sderot as primeiras vítimas dos foguetes Qassam, que são frequentemente lançados em direção à cidade. Na noite anterior, o soldado Roi Nissim foi morto no cruzamento de Gush Katif em Gaza por uma tática inédita: um túnel minado com explosivos que explodiu o posto avançado de Orhan. Ambas as operações foram realizadas pelo Hamas, que anunciou que apenas eram elos de uma corrente de atentados que planeja para vingar o assassinato de seus líderes.
Muitos palestinos vêem tais operações como conquistas, mesmo que tenham sido feitas muito tempo após os assassinatos do Sheikh Ahmed Yassin e Abdel Aziz Rantisi. Isto é particularmente verdadeiro na destruição do grande posto avançado na entrada para Gush Katif, que era um dos símbolos da presença militar israelense que restou em Gaza, mesmo após os Acordos de Oslo, para defender os assentamentos.
Essas operações do Hamas também têm um objetivo político: provar que os ataques contra Israel estão continuando apesar da declarada disposição de Israel para se retirar e desmantelar os assentamentos. As Forças de Defesa de Israel e o aparato de defesa têm tido um significativo sucesso nos últimos meses em frustrar atentados, e o número de vítimas israelenses tem caído, levando à ilusão de que a força militar é suficiente para produzir a calma. A maior parte, no entanto, entende que isto não é verdade. Assim, uma grande maioria da população israelense deu as boas vindas ao plano de desligamento proposto pelo primeiro-ministro Ariel Sharon, que adicionou uma dimensão diplomática à campanha militar.
O plano ganhou entusiástico suporte dos Estados Unidos, países europeus, Egito e outros estados árabes, e existe uma muito boa chance de que, em seguida à retirada do exército israelense e à evacuação dos assentamentos, substancial ajuda egípcia e internacional flua para Gaza, desta forma assegurando uma reabilitação da Faixa.
Mas o sucesso do plano depende em primeiro lugar do governo de Israel – e este não pode permitir que a continuação dos atentados interrompa ou postergue os preparativos para a retirada. Ataques vindos de Gaza são passíveis de continuar, consigam ou não os palestinos, com assistência egípcia e internacional, ter êxito em estabilizar a situação na Faixa após a retirada.
É frequente se ouvir advertências em Israel de que o país não se pode permitir retirar sob fogo. Hoje, tais avisos são alardeados não apenas por oponentes do plano de desligamento, mas mesmo pelo primeiro-ministro Sharon, que fez comentários nesta linha na semana passada.
Sempre existirá porta-vozes palestinos que interpretarão a retirada israelense como uma vitória militar palestina, conclamando os ataques a continuar. Israel, porém, deve ignorar tais considerações. Este não é um enfoque apropriado pelo qual julgar o plano. A grande vantagem do plano de desligamento, aprovado pelo governo, é que ele separa Israel dos palestinos ao desmantelar assentamentos israelenses construídos em locais irracionais – principalmente no coração da Faixa de Gaza. E é essencial aderir a esse plano.
[ Editorial do Haaretz 29|04|04 – traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]