Saddam Hussein, há décadas, dirige o Iraque com punhos de ferro. Esmaga qualquer cidadão que ouse se opor a ele. Foi capaz de utilizar armas químicas contra os habitantes curdos no norte do país, matando indiscriminadamente homens, mulheres e crianças. Provocou duas guerras: uma contra o Irã e outra contra o Kuwait. É um genocida responsável por mais de um milhão de mortes…
Os EUA também já atacaram vários países, mas em geral com um nobre pretexto: o de defender a democracia. Apenas, desde a Segunda Guerra Mundial, segundo o historiador William Blum, podemos citar China (1945-46), Coréia (1950-53), China ( 1950-53), Guatemala (1954), Indonésia (1958), Cuba (1959-60), Guatemala (1960), Congo (1964), Peru (1965), Laos (1964-73), Vietnã (1961-73), Cambodja (1969-70), Guatemala (1967-69), Granada (1983), Líbia (1986), El Salvador (1980), Nicarágua (1980), Panamá (1989), Iraque (1991-99). Sudão (1998), Afeganistão (1998), Iugoslávia (1999).
Nessa “curta” relação não estão incluídos os apoios norte-americanos a regimes ditatoriais em todo o planeta e na repressão sangrenta de movimentos populares, como sentimos aqui no Brasil, e nos vizinhos Chile e Argentina nos anos ’60 e ’70.
A pacifista israelense Gila Svirsky, da Coalizão Israelense-Palestina das Mulheres pela Paz, lembra que nenhum desses países teve como resultado direto dessas intervenções militares a instauração de um regime democrático…
George Bush quer agora destituir Saddam Hussein. Não importam os motivos, decidiu que este ditador sanguinário deve ser removido do poder. E quer utilizar toda hegemonia militar, econômica e tecnológica do país que governa para isso.
Para Israel, o Iraque é um dos expoentes da “frente de recusa”, composta de países árabes governados por regimes ditatoriais, que desde a decisão da partilha da Palestina pela ONU, em 1947, sempre se negaram a qualquer negociação com “o inimigo sionista”. Como esses países totalitários, desde sempre tem se valido do sofrimento dos refugiados palestinos como pretexto para um hiper-nacionalismo pan-árabe que tem como um dos lemas centrais varrer o Estado judeu do mapa.
Talvez a derrubada de Saddam possa até enfraquecer os grupos mais radicais palestinos, que recebem ajuda financeira do Iraque para o terrorismo suicida contra civis israelenses. Mas a guerra traria outras implicações para a região. O fundamentalismo islâmico e o ultra-nacionalismo pan-árabe que comandam os demais regimes ditatoriais do Oriente Médio, irão se fortalecer. Os fanáticos receberão mais adesões e simpatias, quando os números dos mortos de civis inocentes começarem a serem divulgados. Este efeito colateral – tão previsível como desconsiderado pelos americanos – se fará sentir num curto espaço de tempo com o aumento do terrorismo.
Assim, uma ação que não seja justificada e referendada pela comunidade das nações, quase certamente levará a uma radicalização que tornará ainda mais árduo o caminho para uma paz negociada com o estabelecimento do sonhado Estado Palestino, ao lado de Israel, numa solução justa e duradoura para israelenses e palestinos.
Ser contra esta guerra é ser a favor da vida. Não se pode em nome de um mal, causar um mal ainda maior. Apesar de toda a prepotência do governo americano, a cada dia cresce o número de cidadãos americanos contra a guerra.
Ser contra a guerra neste momento é apoiar e fortalecer a ONU, que ainda é o mais adequado organismo de resolução diplomática de conflitos internacionais, onde o poder econômico e militar de qualquer potência ainda pode ser contrabalançado pelos interesses comuns da comunidade humana global.
É fortalecer a Justiça e o respeito às conquistas na defesa dos Direitos Humanos de qualquer cidadão do planeta.
Ser contra a guerra não significa apoiar o regime sangrento de Saddam Hussein. É defender o direito fundamental à Vida de dezenas ou centenas de milhares inocentes. É defender um mundo mais digno para todos nós, os habitantes da Terra.
Mário Nadvorny e Moisés Storch são membros dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA
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PAZ AGORA|BR na Manifestação
AMANHÃ, dia 15 de fevereiro, pessoas de todo o mundo irão se reunir em suas cidades para a realização de protestos pela paz e contra a guerra que a administração americana, liderada por George W. Bush, pretende realizar contra o Iraque.
Várias cidades aqui no Brasil também participarão deste dia de protestos globais, realizando caminhadas e atos públicos para mostrar que guerras não são o caminho para a resolução de conflitos, especialmente este.
Una sua voz contra a violência, dizendo: “ Não a Saddam! Não a Bush ! Sim à Paz ! ”
SÃO PAULO : Concentração em frente ao MASP às 16h, caminhada até o Ibirapuera.
RIO DE JANEIRO: Concentração na Praia do Leme, em frente ao Hotel Meridien, às 15h.
SALVADOR: Concentração em Campo Grande, em frente ao Teatro Castro Alves, às 14h30, caminhada até a Praça da Sé.
BELO HORIZONTE: Concentração na Praça da Estação, às 10h, com marcha às 12h até a Praça Sete para um minuto de silêncio.
CAXIAS DO SUL: Ato no Calçadão, às 10h
FLORIANÓPOLIS: Bicicletada contra a guerra, na frente da Catedral, às 10h
CAMPINAS: Manifestação às 9h, no Largo da Catedral.
RIBEIRÃO PRETO: Ato público na Esplanada do Teatro Pedro II, às 10h.
GOIÂNIA: Ato público na Praça do Trabalhador, às 9h, com caminhada pela avenida Goiás até a Praça Cívica.
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