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O histórico documento, a seguir transcrito, foi redigido por seis personalidades palestinas e israelenses, que participação do III Fórum Social Mundial a convite do grupo pacifista gaúcho Diálogos pela Paz.
Foi lido em 27|01|03 no encerramento do FSM – para uma platéia de 16 mil pessoas – pelo Prefeito de Porto Alegre, João Verle.
Galia Golan, do movimento israelense PAZ AGORA e da COALIZÃO ISRAELENSE-PALESTINA PELA PAZ, leu em seguida a versão original em inglês.
Durante a leitura, com o som da melodia “Imagine”, de John Lennon ao fundo, os integrantes da mesa se deram as mãos, no que foram seguidos pelos milhares de participantes do III FSM que lotavam o Gigantinho Foi um dos momentos mais emocionantes de todo o Fórum, sinalizando o caminho para uma vida melhor para os sofridos povos israelense e palestino.
Nós, pacifistas israelenses e palestinos, estamos determinados a buscar Paz, justiça e soberania para nossos povos e um final à ocupação israelense nos territórios ocupados em 1967; a criação de um Estado palestino independente, lado a lado com Israel, ao longo das linhas de 4 de junho de 1967; Jerusalém como uma cidade aberta e capital independente para cada um dos dois Estados; uma solução acordada e justa para a questão dos refugiados palestinos, de acordo com a resolução 194 das Nações Unidas.
Clamamos a comunidade internacional e as Nações Unidas, em particular, para, urgentemente, intervir com o intuito de colocar um fim nesta situação trágica, acabar com a violência em ambos os lados, e encaminhar imediatamente negociações de paz, para trazer assim uma paz justa e duradoura.
Porto Alegre, 27 de janeiro de 2003
Alam Jarar, Ely Ben Gal, Galia Golan, Lana Nusseibeh, Shulamit Aloni e Zyad Abu Zyad
Outras atividades no Fórum:
26|01|03 8:30
Diálogos pela Paz
Galia Golan – israelense, fundadora do Movimento Paz Agora e
Lana Nusseibeh – pacifista e militante de ONGs do Oriente Médio
26|01|03 14h00
“ Israel e Palestina: reconciliar as narrativas, ou aceitar a guerra de propaganda?”
Participação:
Brigitte Loigerot – Mouvemement de la Paix, França
Esther Kuperman- Historiadora / TABA / PAZ AGORA|BR – Amigos Brasileiros do PAZ AGORA
George Barcat- Associação Palas Athena / Comitê Paulista para a Década da Cultura de Paz da UNESCO
Luiz M Milman- Movimento pela Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul
Mauro J. Nadvorny – TABA – Coalizão Brasileira pela Paz entre Israel e Palestina
Mohammad Jehad- Instituto Jerusalém de Porto Alegre
Padre Marcelo Guimarães – Educadores pela Paz / Movimento Internacional pela Desativação de Minas Terrestres
Sábado, 25 de janeiro de 2003
Porto Alegre vive conflito do Oriente Médio
ELDER OGLIARI
PORTO ALEGRE – Representantes de organizações pacifistas israelenses e palestinas sugeriram ontem que o conflito entre os dois povos seja mediado por terceiros. As declarações de ativistas como Zyad Abu Zyad, parlamentar pacifista palestino, e Shulamit Aloni, ex-ministra da Educação e Cultura de Israel, confirmam que não há mais condições para um diálogo direto.
Até mesmo o esforço do grupo brasileiro Diálogos pela Paz, que reúne palestinos e judeus em Porto Alegre, parece contaminado pela desconfiança.
Grupos dos dois povos têm feito manifestações pela paz. Ficam próximos, mas não se misturam. Na marcha de abertura do Fórum Social, quinta-feira, uma faixa carregada pelos judeus dizia que os palestinos são vítimas do seu próprio terror. Na PUC, ontem, palestinos gritavam vivas ao seu país e à intifada, a revolta contra os israelenses.
O presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista, Henry Sobel, preferia que as negociações de paz fossem feitas diretamente entre israelenses e palestinos, mas admite que diante da violência crescente falta a intermediação de um país ou organismo com credibilidade internacional. Ele acha que a Organização do Tratado do Atlântico Norte seria um mediador com credibilidade maior que a da Organização das Nações Unidas (ONU). Já Zyad e Shulamit apontam a ONU como o fórum mais qualificado para costurar um acordo.
“Os dois lados falam que não têm parceiros nas negociações, mas têm sim, são os movimentos pacifistas”, afirma a militante Lana Nusseibeh.
Seminário reúne judeus e palestinos
[Zero Hora, Porto Alegre, 23/01/2003]
Unesco e prefeitura apóiam evento
O grupo de judeus e palestinos Diálogos pela Paz, que andou de mãos dadas no Brique da Redenção em abril de 2002, preparou uma ação conjunta para o 3º Fórum Social Mundial. Com o apoio da Unesco e da prefeitura de Porto Alegre, será realizado um seminário com o mesmo nome entre amanhã e domingo na PUCRS.
O encontro visa a promover uma aproximação entre israelenses e palestinos e discutir alternativas para a paz entre os povos. Os conferencistas, um israelense e um palestino, apresentarão painéis sobre soluções pacíficas para o conflito no Oriente Médio.
Ao final das conferências, que serão abertas ao público, os seis convidados elaborarão um documento intitulado Carta de Porto Alegre, que será uma súmula de pontos para a implantação da paz entre os dois povos. No domingo, a carta será lida no Anfiteatro Pôr-do-Sol, a partir das 20h, onde também haverá shows.
A programação
AMANHÃ – Ely Ben-Gal – filósofo israelense, pacifista, ex-assessor de Jean-Paul Sartre + Alan Jarra – ativista da luta pela libertação da Palestina.
SÁBADO – Shulamit Aloni – ex-ministra da Educação e Cultura do governo Yitzhak Rabin + Zyad Abu Zyad – parlamentar palestino
DOMINGO – Galia Golan – israelense, fundadora do Movimento Paz Agora + Lana Nusseibeh – pacifista e militante de ONGs do Oriente Médio Local.