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O PAZ AGORA israelense [SHALOM ACHSHAV]tem se manifestado – através de suas lideranças e de dezenas de milhares de ativistas em Israel – em praças públicas – contra o terror e a violência de ambos os lados do conflito israelense-palestino, e aglutinado parcela crescente da população israelense em prol de um caminho que reconhece que uma paz justa – que assegure a existência de um Estado árabe-palestino ao lado do Estado de Israel – é o único para assegurar a sobrivivência de um Estado judeu e democrático para as futuras gerações.
O SHALOM ACHSHAV, como movimento israelense supra-partidário, além de estar na linha de frente do campo pacifista israelense, se tem obstinadamente colocado como interlocutor de representantes do campo pacifista árabe-palestino, que tem crescido em influência. Apesar dos assédios e ameaças que o campo da paz, dos dois lados, sofre por parte das lideranças radicais. Estas infelizmente dominam – hoje, mas certamente não para sempre – o cenário político da região, à custa de muito sangue inocente, árabe ou judeu.
Nós, membros dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA, não confundimos Israel com o seu atual governo. Não confundimos a essência humanista do sionismo, que vemos como a expressão do legítimo movimento de libertação nacional do povo judeu, com a política suicida de ocupação da Cisjordânia e Gaza. A ocupação está minando moralmente a sociedade israelense e sabotando a necessária integração de Israel na geopolítica do Oriente Médio.
Sempre nos opusemos à matança de inocentes, e temos uma postura de perseverante defesa dos direitos da pessoa humana. Condenamos intransigente e inequivocamente o terrorismo, sempre injustificável – parta de quem partir.
O terror, seja qual bandeira empunhe, é execrável, e sua banalização no mundo atual não pode ser tolerada. Atitudes que visem combatê-lo, porém, quando envolvam a morte de pessoas inocentes ou castigos coletivos a vastas populações podem, até mesmo, ensejar irresponsáveis comemorações, mas acabam, ao invés de diminuir o terrorismo, reforçando a desesperança e a espiral de ódio que formam o caldo de cultura que o realimenta e multiplica.
Este fenômeno se aplica a qualquer lado do conflito.
Se sofremos e nos enlutamos por cada vida perdida de nossos amigos, parentes e correligionários que vivem em Israel, nossa melhor homenagem a eles, como nos legou o insubstituível Itzhak Rabin Z”L – ele mesmo vítima dos aversos ao diálogo e à convivência – é perseverar na busca do diálogo construtivo rumo a uma paz justa. Como ele, não nos deixaremos ser reféns dos terroristas e dos propagadores do ódio. Seja qual for sua bandeira.
O PAZ AGORA, como entidade supra-partidária, vem atuando de maneira cristalina, no diálogo com autoridades governamentais israelenses, seja na esfera parlamentar, executiva ou judiciária, discutindo e propondo soluções políticas para reverter o insano e sangrento conflito.
Militantes do Movimento PAZ AGORA têm saído às ruas de Israel, regularmente, na defesa de seus ideais, e condenando a violência e terror, judeu ou árabe. De mãos dadas, muitas vezes, com pacifistas árabes que compartilham de ideais similares e enfrentando ameaças concretas por parte de extremistas judeus e árabes.
Um de seus ativistas, Emil Grunzweig Z”L, numa das manifestações que culminaram no fim da inglória invasão do Líbano, foi assassinado, vítima de uma granada arremessada por um fanático israelense. Muitas vítimas da violência – no lado palestino ou israelense – têm sido militantes pacifistas.
Os ativistas do Shalom Achshav nunca deixaram de se manifestar nas ruas em função das ameaças terroristas que tem forçado milhões de israelenses a evitar locais de aglomeração humana como até cinemas e restaurantes, por justo receio de ser vítimas de ataques terroristas.
Recordemos o pacifista brasileiro-israelense Giora (Jorge) Balasz Z”L, uma das muitas vítimas inocentes do atentado terrorista à pizzaria “Sbarro” em Jerusalém, que por toda vida acreditou na convivência pacífica de israelenses e palestinos, e cuja filha, a museóloga brasileira Deborah Brando Balasz da Costa Faria, sobreviveu ao mesmo horroroso atentado. Deborah veio a endossar, ao lado de centenas de ilustres brasileiros, a Declaração Conjunta Israelense-Palestina – cujo texto tivemos a iniciativa de divulgar aqui no Brasil – iniciativa do PAZ AGORA que agregou importantes lideranças israelenses e palestinas.
Não acreditamos que Sharon se confunda com o Estado de Israel. Sua “política” de truculência está levando à desintegração de Israel, pela corrosão dos ideais que motivaram sua criação e que asseguram sua sobrevivência.
Não poupamos críticas aos que alimentam o ódio de qualquer lado. Não poupamos estímulos aos que – a favor da sobrevivência do Estado judeu de Israel, ou defendendo a criação de um Estado árabe-palestino, trilham – através do diálogo e resistindo à violência – o caminho da única solução viável e justa para o conflito: o estabelecimento e reconhecimento mútuo de dois Estados livres e soberanos, com fronteiras mútua e internacionalmente aceitas, negociadas por ambas as partes com base na Linha Verde (fronteiras pré-1967).
Nossa oposição não é unilateral, e por isto mesmo é muito menos cômoda do que o alinhamento automático a eventuais lideranças, de Israel ou do povo palestino, de árabes ou judeus.
A idéia de que não há com quem dialogar é uma falácia que está ceifando milhares de vítimas inocentes.
Não estamos engajados na guerra suja da propaganda, que procura manipular os meios de comunicação pública. Esta é travada entre aqueles que atribuem sempre ao “OUTRO” todas as responsabilidades e culpas pelo conflito. Temos a consciência de que a guerra na mídia tem o terrível poder de alimentar o ódio, a desesperança e a incompreensão.
A solução do conflito está no diálogo.
[ Moisés Storch é coordenador dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA ]