JERUSALEM, 9 de julho – Políciais armados israelenses, com a ajuda de um serralheiro e uma van de mudanças, irromperam nos escritórios administrativos da proeminente universidade palestina em Jerusalém hoje, fechando o prédio e acusando as autoridades dali de trabalhar para a Autoridade Palestina de Yasser Arafat.
Testemunhas disseram que a polícia lacrou os escritórios do presidente de Universidade, Sari Nusseibeh, o principal representante palestino em Jerusalém e, internacionalmente, uma das mais reconhecidas vozes da moderação entre os palestinos.
“Foi realmente assustador”, disse Dimitri Diliani, diretor do escritório do presidente da Universidade. “Você está sentado em seu escritório fazendo seu trabalho, e alguém com um M-16 lhe manda largar tudo e mostrar sua identidade”.
O ministro israelense da Segurança Pública, Uzi Landau, que ordenou o fechamento, disse à Radio Israel que a Universidade representa o “longo braço da Autoridade Palestina, operando contra a lei.”
O fechamento dos escritórios administrativos da Universidade Al-Quds, de 6.000 estudantes, foi a última de uma série de fechamentos israelenses de instituições e organizações que operavam na parte oriental de Jerusalém, predominantemente habitada por árabes, que foi capturada da Jordânia na Guerra de 1967, e subsequentemente anexada por Israel.
Autoridades israelenses dizem que os acordos interinos de paz que se seguiram ao acordo de Oslo de 1993 baniram os palestinos de atividades políticas na cidade. Tanto israelenses quanto palestinos reivindicam Jerusalém como sua capital; Israel reclama a cidade inteira, enquanto os palestinos vêem a parte oriental como sua futura capital de um Estado Palestino.
A mais proeminente instituição anteriormente fechada pelas autoridades israelenses foi a “Orient House“, o centro nervoso político palestino em Jerusalém que foi fechado no último agosto, The most prominent institution previously closed by Israeli authorities was Orient House, the Palestinian political nerve center in Jerusalem that was shut last August, ignorando uma repreensão recebida da administração Bush.
A ação de hoje foi fortemente criticada por organizações palestinas e grupos pacifistas e autoridades moderadas israelenses, que enxergam Nusseibeh e a Universidade que dirige como influências moderadoras numa sociedade palestina que tem se tornado crescentemente radicalizada pela revolta de 21 meses contra a ocupação israelense da Cisjordânia e Faixa de Gaza.
“O fechamento dos escritórios de Nusseibeh expõe a verdadeira natureza deste governo: a sistemática destruição de qualquer solução política possível para o conflito israelense-político”, declarou Moriah Shlomot, diretora do grupo israelense anti-guerra PAZ AGORA.
Os escritórios foram trancados pela “suspeição de que eram operados sob os auspícios da Autoridade Palestina, e em seu favor”, disse um porta-voz do superintendente em Jerusalém da polícia israelense. “De acordo com a lei, a A.P. não está autorizada a operar dentro das fronteiras do Estado de Israel.”
Nusseibeh, que recentemente foi criticados por alguns palestinos por ser signatário de um anúncio em jornal denunciando os atentados suicidas pelos palestinos, estava numa conferência na Grécia, quando, às 9 horas da manhã, cerca de 60 policiais cercaram o escritório de dois andares que aloja a administração da universidade multi-campus, disse Diliani.
“Eles lacraram a área em torno da Universidade e a declararam zona militar, com ninguém autorizado a entrar ou sair”, disse Diliani, que tem trabalhado para a Universidade nos últimos quatro anos. “Eles estavam trocando fechaduras, levando hardware de computadores e arquivos sem nem verem seu interior.”
Diliani disse que um caminhão de mudanças estacionado fora do edifícios foi usado para carregar arquivos e outros materiais dos escritórios. Disse que cerca de 30 empregados em vários escritórios receberam ordem de deixar o edifício, e ele e pelo menos um outro funcionário foi interrogado pela polícia.
“Eles abriram minha pasta e confiscaram tudo” – disse Diliani – “até uma foto da minha namorada”.
Diliani disse que nenhuma sala de aula foi incluída no fechamento. Disse que a maioria dos estudantes estão frequentando aulas suplementares para finalizar o ano letivom porcaus das interrupções pelas operações militares israelenses na cidade de Ramala e em outros campus, acrescentando que as aulas irão continuar.
Diliani desmentiu que os funcionários estavam envovidos em trabalho para a Autoridade Palestina: “Esta é uma instituição puramente educacional. Ele não faz nada além de educação”.
[ por Molly Moore, publicado no Washington Post, pg. A11 de 10/07/02 e traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]