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Esperança
Que bela palavra esta. Sob todos os aspectos. Fonética, escrita, sentimento, tudo nela é bonito.
É ela que nos motiva a encontrar um caminho, uma saída para tudo. Tão significativa que dizem que “é a última que morre”.
Mas o que acontece quando finalmente isso acontece?
Meus avós emigraram da Rússia por parte de pai e da Polônia por parte de mãe. Da Rússia saíram após contribuírem com a Revolução Bolshevique e serem perseguidos por ela. Da Polônia tiveram de sair antes que Hitler os alcançasse.
Há pouco tempo, reunido com um grupo de amigos palestinos, escutei de um deles que sua família vivia a muitas gerações na Cisjordânia. Próximo de suas terras surgiu uma colônia judaica. No inicio eram bons vizinhos. Com o passar do tempo, a colônia teve de receber cada vez mais a proteção do exército. Logo, as terras e o lar desta família passaram a ser alvo constante de buscas, revistas e toque de recolher. Acabaram emigrando para o Brasil.
O que estes dois relatos têm em comum? Para eles pareceu que não havia mais esperança. Não restou alternativa. Para sobreviverem, tiveram de abandonar seus lares e emigrar para outro país.
Perder a esperança é talvez a maior das tragédias humanas. Quando ela se perde, então nada mais tem sentido. Parece que não existem mais alternativas, e que o peso que a falta dela nos faz, irá sufocar-nos até a morte.
A tragédia que hoje se abate no Oriente Médio faz com que muitos percam a esperança. Vidas perdidas, sonhos arrasados, tragédias familiares, desemprego, ódio, vingança etc.
Onde está a esperança? Como é possível ainda pronunciar tal palavra?
Certa vez um bom homem procurou um Rabino. Contou a ele que sua casa era muito pequena, e que sua mulher havia convidado seu cunhado que estava desempregado para viver com eles. A casa ficara muito pequena e apertada tornando a convivência muito difícil. O Rabino pediu que ele, sem discutir, levasse um bode para dentro da casa por 15 dias. Duas semanas depois ele voltou e implorou ao Rabino para tirar o bode de dentro dela. O rabino concordou e passado alguns dias, o bom homem voltou para dizer que a vida dentro da casa havia ficado uma maravilha.
O que está faltando neste conflito é que se comecem a retirar os “bodes”: o fim do terrorismo, o desmantelamento das colônias etc. Com isso, pode-se imaginar que as pessoas voltem a ter alguma esperança. Possam ver como a vida é possível sem o medo da morte. Sem os “bodes”, pode-se ter a esperança da retomada do diálogo e de uma conferência de paz.
Nós não podemos permitir que nos tirem a esperança. Temos de fazer dela nossa razão de ser, e acreditar que um mundo melhor é possível. Fazer dela nossa bandeira de persuasão. Convencer mais e mais pessoas para aderirem ao Campo da Paz.
Não vamos deixar que matem a esperança. PAZ, AGORA !
[Mauro J. Nadvorny, membro do PAZ AGORA|BR em Porto Alegre, é administrador de empesas]