É relativamente fácil compreender, friamente, uma guerra. Desde que comecei a estudar o conturbado Oriente Médio, há cerca de dois anos, venho traçando um perfil das origens étnico-religiosas do conflito árabe-israelense e suas conseqüências sociais, políticas e econômicas na região, tanto em Israel quanto na Palestina.
Entretanto, dos textos que li, nenhum mexeu com meus conceitos e convicções como este de Yitzhak Frankenthal (Guerra pela Vida). Gostaria que você o lesse, carinhosamente. Principalmente a “Canção para um filho que se foi”, que compôs para seu filho, Arik, morto por palestinos.
É um choque. Sabia que, depois de traduzi-lo,seguramente eu perderia o sono. Era a dor de um pai. E, nesse momento, já não faz diferença se árabe ou judeu. Um pai que perdeu seu filho amado numa guerra que ele não começou e que, por suas palavras, percebemos que nem mesmo era favorável a ela. Nenhum governo, nenhuma “política de segurança” do gabinete de Sharon ou “repúdio aos (constantes) ataques terroristas” de Arafat trarão seu filho de volta. É uma dor que ele amargará para sempre, enquanto os governantes da região regozijam-se na obsessão de aniquilar um ao outro.
Não foi Sharon ou Arafat que perdeu um filho. Foi ele. Um cidadão comum, pai de família. E, o mais surpreendente, é que Yitzhak não odeia os palestinos que mataram seu filho. Yitzhak compreende sua luta pela liberdade… Será que, em última análise, Sharon ou Arafat deveriam perder seus entes queridos para que se livrem da embriaguez dessa guerra?
Foi duro ler a canção que ele escreveu a Arik. Podemos ser solidários à dor daquele povo, embora, por uma questão geográfica, estejamos sempre distantes. Pergunte-me como Israel e Palestina sofrem economicamente com a guerra. Pergunte-me quem será o próximo Primeiro Ministro de Israel. Pergunte-me qualquer coisa e eu responderei. Mas não me pregunte o que é o sofrimento de um pai que perde um filho de forma tão estúpida… Infelizmente, tanto em Israel quanto na Palestina, há homens qua saberão responder a esta pergunta.
Fica aqui, então, o meu apelo: digamos não à guerra. Ela não é natural do ser humano. Ela não nos traz benefícios. Não deixemos que os mortos nos dois lados sejam apenas uma estatística para estratégias futuras de guerras. Lutemos pela paz. Se não por Israel ou pela Palestina, pelo direito de um pai de não ter que carregar o caixão de seu próprio filho.
Desculpem-me pelo desabafo, mas eu alcancei o meu limite de tolerância. O conflito, pra mim, já ultrapassou a barreira do “aceitável”. Vamos lutar pela paz AGORA !
Carolina Meyer , jornalista, participa do movimento PAZ AGORA|BR