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Nada funciona como um terreno mais fértil à intolerância e ao preconceito que o desconhecimento ou a manipulação deste. Com o acirramento da violência no Oriente Médio isso fica claro mais uma vez.
Muitos estão se aproveitando do conflito, e do desconhecimento que a maioria tem sobre as origens dessa disputa, para explicitar o ódio aos judeus ou aos árabes. Isso explica, por exemplo, as manifestações anti-semitas que crescem em países europeus e ameaçam aparecer por aqui. Explica também o pânico e atos antiárabes que cresceram muito após os atentados do dia 11 de setembro nos EUA e que ganham combustível com os ataques em Israel.
Para esses aproveitadores, hoje qualquer judeu é partidário de Ariel Sharon, de sua política de ocupação das cidades palestinas e do confinamento de Iasser Arafat. Ao mesmo tempo, qualquer palestino seria incentivador do terrorismo e da morte de civis em Israel.
É óbvio que isso não é verdade. Os atentados suicidas em Israel são cometidos por fanáticos, que existem em qualquer povo, independentemente da religião que pratiquem ou da origem racial. E é claro que esse fanatismo ganha adeptos na medida em que pioram as condições de vida das populações. Também não é necessário dizer que essa nova guerra só piora a situação da população palestina.
Do mesmo modo, é burro acreditar que Sharon conte com aprovação de todos os judeus. Ao contrário, encontra críticos no mundo todo e até entre políticos de seu próprio partido.
Mas, para que os anti-semitas e os antiárabes não ganhem mais munição, é preciso que todos os judeus contrários ao belicismo de Sharon e todos os árabes que condenam os atentados contra civis israelenses se expressem claramente. Porque num momento como esse o silêncio acaba funcionando como endosso às práticas violentas.
Para voltar ao título da coluna, erra quem pensa que judeu significa partidário de Sharon e que palestino significa terrorista. Mas erra também o judeu ou palestino que se cala diante das atrocidades cometidas por representantes dos dois povos.