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A violência em Israel e na Palestina alcançou um nível sem precedentes.
Isso é notícia todas as manhãs!
O círculo vicioso de violência, todos sabem, não tem fim.
A pergunta é: estamos esperando por quem e pelo que?
Estamos esperando pelo politicamente estúpido governo de Israel,
pela estrategicamente cega Autoridade Palestina, pelos indiferentes Estados Unidos, pela perpetuamente apelativa/condenatória Europa, pelos Estados árabes adormecidos, ou o que?
Durante um ano e meio, todas essas partes provaram, em todos os sentidos, o quão inúteis são.
De fato, no decorrer desse ano, os ventos da esperança têm soprado apenas dos movimentos de paz israelenses. Não apenas do recentemente desperto PAZ AGORA, mas também de muitas organizações pacifistas. E muitos ativistas têm se manifestado e lutado por um futuro melhor.
Um árabe preguiçoso, se espreguiçando, diria: “E daí? A paz não veio! Você não viu TV hoje?”
O árabe que se espreguiça é, na verdade, a razão pela qual a paz se tornou tão difícil de ser alcançada. Esperar pelos movimentos de paz de Israel certamente não é o bastante. Como diz uma expressão egípcia, uma única mão não bate palmas!
O que torna esses movimentos impotentes é que, exatamente enquanto os ativistas do PAZ AGORA faziam uma longa fila para doar sangue no Hospital de Al Maqased para as vítimas palestinas em campos de refugiados, a fumaça de uma bomba, detonada por um terrorista suicida, estava por toda parte!
Enquanto a resposta árabe para esse tipo de terrorismo não for uma outra longa fila para doar sangue para as vítimas civis israelenses, essas manifestações, infelizmente, serão insignificantes.
Por um quarto de século o Egito tem mantido paz com Israel. Com exceção do plano bizarro elucidado pelo Ministro Israelense Avigdor Lieberman para eliminar a barragem de Aswan, nenhum dos dois lados fala em guerra. O Egito reconquistou cada milímetro de seu território, e suas fronteiras com Israel são, na verdade, muito tranqüilas. Apesar disso, não é incomum encontrar escritores, intelectuais e escritores acadêmicos na televisão enfatizando que um bebê israelense com um dia de vida é um sionista, que deveria/poderia estar morto.
Que mensagem esses estúpidos intelectuais estão enviando e que promessa o PAZ AGORA, a partir daí, pode fazer à sociedade israelense?
O que está faltando, certamente, é um movimento pacifista árabe que deveria se formar aqui e agora. É a única maneira de se obter a paz e de garanti-la, tanto agora como no futuro. É necessária uma coalizão entre movimentos pacifistas israelenses e árabes para assegurar aos povos árabe e israelense que a paz é possível e frutífera.
Uma coalizão pela paz árabe-israelense é necessária para pressionar tanto os políticos negociadores, os assentados israelenses passivos e os militantes pacifistas. Além disso, essa coalizão, e somente ela, poderia deslocar o processo de paz da esfera política, econômica e de segurança, dominada por políticos, militares e empresários, para a esfera social e cultural, criada por ativistas, intelectuais, escritores e coisas do gênero. Em pouco tempo, eles poderiam retirar o processo de paz do estreito discurso oficial da “normalização” para a vasta paisagem social da “integração” !
Esta deve ser a missão dos árabes de consciência, especialmente no Egito e na Jordânia, para começar a curar as feridas dos dois lados. Este é o momento de eles cruzarem as fronteiras físicas e mentais, juntando-se a movimentos pacifistas israelenses e marchando em direção a um futuro melhor para todos. Não haverá paz sem um passo essencial e urgente!!!!
Dr. Mohamed Mosaad
Cairo, Egito, 30|03|2002
] O Dr. Mosaad é psiquiatra, sociólogo, ativista da paz e coordenador do Middle East Abrahamic Forum – na Interfaith Web dialog – http://communities.msn.com/MiddleEastAbrahamicForum – Traduzido por Carolina Meyer para o PAZ AGORA|BR