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“Como sair desta situação ?”
Sob o choque do sangrento atentado perpetrado a pequena distância de Givat Haviva, centenas de judeus e árabes de vários setores da população: embaixadores, diplomatas, jornalistas e educadores, se reuniram. Os dois palestrantes descreveram para a audiência suas ideologias políticas e suas visões para o alcance de um acordo político em nossa região. Suas observações foram recebidas muito favoravelmente pelos ouvintes, alguns dos quais expressaram o desejo de ver a ambos em posições de liderança com envolvimento direto na processo político.
Ami Ayalon começou por colocar três questões:
- Como chegamos até aqui ?
- O que devemos aprender do que fizemos e deixamos de fazer ?
- O que é desejável que façamos, olhando adiante ?
De acordo com sua análise, o processo de Oslo ruiu por causa do colapso da confiança mútua, e devido ao fato de que foi percebido pela população de ambos os lados como um processo elitista e distanciado. Os israelenses queriam conquistar a segurança ao final do processo, e os palestinos um Estado.
Para que os israelenses alcançassem completa segurança, os palestinos teriam que chegar quase à beira de uma guerra civil interna, devido à necessidade de combater os extremistas entre eles. Para que os palestinos conseguissem seu Estado, a sociedade israelense teria que ter chegado a um duro confronto interno, devido à necessidade de desmantelar assentamentos e, portanto, nenhum lado alcançou seus objetivos.
A confiança ruiu, devido ao método de etapas e de negociações feitas em segredo. Assim, Ayalon, conclui: precisamos começar do final, pintar um retrato amplo do acordo, e então ir voltando para os detalhes. O processo inteiro precisa ser conduzido abertamente, com a população tendo a chance de dar sua opinião após definido o cenário.
Ayalon apelou por um imediato e direto envolvimento internacional, tanto para se alcançar um acordo político, como para um envolvimento global para a solução do problema dos refugiados, segurança, e aspectos econômicos do acordo. Enfatizou que ambos os lados devem separar os sonhos da realidade possível.
Sari Nusseibeh também falou sobre soluções possíveis e soluções ótimas. Na sua opinião, há dois tipos de solução para a atual disputa. Uma é o estabelecimento de um Estado conjunto no qual haveria uma igual divisão de direitos legais e civis, e a outra é a divisão do território de maneira equânime, e o estabelecimento de dois Estados para os dois povos dentro das fronteiras de 04/06/67, com pequenos ajustes conforme necessários, a evacuação dos assentamentos e a possibilidade de trocas de territórios um-a-um.
Ainda que acredite que a primeira solução seja preferível, pensa que ela não é aceitável para a vasta maioria de ambos os lados. Portanto, Nusseibeh expressou sua opinião de que a última solução precisa ser levada adiante. Nusseibeh ressaltou que o que é possível hoje, não será possível no futuro, por razões geográficas, demográficas, e outras. Portanto não deve haver demora em se fazer a divisão.
Na questão dos refugiados, ele disse que o direito de retorno deve ser exigido para eles para dentro do Estado palestino a ser estabelecido (e não para dentro do território do Estado de Israel), para aqueles que o desejarem, e uma razoável compensação para aqueles que escolherem ficar onde estão. Isto, após Israel publicamente reconhecer a injustiça feita a eles. Jerusalém, na sua proposta, permanecerá uma cidade aberta, geograficamente unida; sua porção oriental será a capital da Palestina e sua porção ocidental a capital de Israel, com um sistema de cooperação na administração dos assuntos municipais.
Nusseibeh condenou inequivocamente o atentado contra o ônibus em Wadi Ara, assim como todos ataques suicidas e a matança de civis, tanto como uma condenação moral pessoal como política. Falou rudemente contra a maneira como as pessoas na nossa região se auto-definem, primeiramente por uma definição nacional ou religiosa, e apenas depois por uma identidade pessoal. Em suas palavras, ele é antes de tudo um ser humano, e apenas então um palestino ou muçulmano, e disto tira suas conclusões políticas.
Ambos os palestrantes responderam questões do auditório. Entre outras, Ami Ayalon foi perguntado se ele se enxerga como líder político, e respondeu que uma nova era de líderes está chegando. Sua opinião é que o dever cívico de cada um de nós está envolvido, para fazer sua voz ser ouvida, para propagar sua opinião e tentar influenciar as instituições políticas e populares a cada dia, e não apenas na urna da eleição. Quando comparece em público e na mídia está cumprindo este dever cívico.
A noite se iniciou com saudações do Secretário-Geral do Movimento Kibutziano, Gavri Bargil e observações preliminares da Co-Diretora do Centro Judaico-Árabe para Paz em Givat Haviva, Dra. Sarah Ozacky-Lazar, que observou que o simpósio é parte de um trabalho diário conjunto em andamento, no qual o Centro tenta encontrar métodos alternativos de diálogo entre os dois povos em todos os níveis, e fazer com que vozes extraordinárias e ousadas encontrem uma saída da crise atual.
O simpósio marcou a inauguração da exposição “…E Eles Não Mais Aprenderão a Guerra” no Centro Judaico-Árabe para Paz em Givat Haviva, sobre o militarismo na sociedade israelense
A exposição está tendo o patrocínio do Cônsul Geral do Egito em Israel – Sr. Nader El-A’sar e do Sr. Gavri Bargil, Secretário Geral do Movimento Kibutziano de Israel, e foi montada na Galeria de Arte do Centro da Paz em Givat Haviva, em cooperação com o Movimento New Profile.
– Palestrantes
- Prof. Sari Nusseibeh – Ministro da Autoridade Palestina para Jerusalém
- Ami Ayalon – General da Reserva Israelense, ex-Comandante da Marinha e ex-chefe dos Serviço Geral de SegurançaR
– Relator: Mohammad Darawshe – Diretor de Relações Públicas – Givat Haviva.
– Realização: ” CENTRO JUDAICO-ÁRABE PARA A PAZ de GIVAT HAVIVA ” [ Prêmio Educação Para a Paz 2001 da UNESCO ]
[ traduzido por Moisés Storch para o PAZ AGORA|BR ]