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Entrevista de Didi Remez, porta-voz do PAZ AGORA, por Sheldon Gordon, diretor do CFPN – Canadians Friends of Peace Now
Sheldon: O PAZ AGORA conseguirá reconstruir sua base de apoio?
Didi: Estamos vendo um crescente desacordo do povo israelense com a situação geral. O problema é que esta grande parcela da sociedade israelense que está sentindo este desagrado não se coloca numa plataforma operacional comum.
Pessoas que se posicionam pela separação unilateral não sentem sua posição coincidente com a mesma plataforma das pessoas que querem uma negociação imediata. E provavelmente a grande maioria é de pessoas que perderam completamente a esperança, mas ainda assim sentem que precisam protestar.
Portanto, devemos construir uma campanha de longo-prazo voltada para evidenciar o fato de que a maioria dos israelenses não está satisfeita com o fato de estarmos nos Territórios Ocupados, ao mesmo tempo em que existe um governo cujas políticas estão aprofundando nossa presença nos territórios.
S. Como o PAZ AGORA fará isso?
D. O plano operacional [para paz] que apresentaremos no futuro é provavelmente o mesmo que apresentamos há algum tempo. Mas pretendemos deslanchar atividades de larga-escala baseados em uma simples mensagem negativa com respeito à nossa presença nos territórios. Algumas das palavras de ordem incluem: “Deixem os Territórios, Tomem Conta de Israel”, “Salvem o País, Deixem os Territórios”, “Deixem os Territórios em Paz”.
A campanha almeja superar a discussão sobre retirada unilateral [vs. negociação de um acordo de paz]. Para trazer os israelenses de volta às ruas hoje, existe, em certo sentido, uma questão de slogans. É um problema de encontrar um denominador comum que aglutine o povo descontente na oposição.
S. Qual a finalidade da recentemente formada Coalizão Israelense-Palestina pela a Paz?
D. Um dos mais sérios problemas que nós devemos enfrentar – e quando digo nós, refiro-me ao campo israelense da paz e ao campo palestino da paz – é a demonização mútua do outro em nossas duas comunidades. O debate público – tanto entre israelenses quanto entre palestinos – tem se tornado muito monolítico.
Acreditamos que expor os palestinos moderados ao público israelense e os israelenses moderados ao público palestino é extremamente importante, tanto a curto quanto a longo prazo. Uma das primeiras decisões da Coalizão foi a de iniciar uma campanha de mídia dirigida exatamente a este fim. A outra forma importante de conseguir um impacto positivo em ambas as populações é a de fazer atividades de protesto não-violentas em conjunto.
S. Onde se farão os protestos?
D. Na presente situação, provavelmente apenas em Jerusalém, porque fisicamente é o único lugar onde israelenses e palestinos podem estar juntos. Mas por volta de 6 de junho, o aniversário da ocupação, se as condições de segurança permitirem , esperamos fazer algo em massa ao longo da fronteira de 1967.
S. Porque está um ministro do gabinete palestino – Yasser Abed Rabbo, Ministro de Informação da Autoridade Palestina, incluído na Coalizão pela Paz, enquanto a Autoridade Palestina é ligada, direta ou indiretamente, à violência?
D. Os palestinos, como nós, têm algo semelhante a um governo de unidade nacional. Existe uma diferença muito grande entre Abed Rabbo e outras pessoas da Autoridade Palestina. Trabalhamos com qualquer um com quem possamos trabalhar. Ideologicamente, como expresso em comunicados conjuntos, posicionamo-nos em lugares semelhantes em termos de como vemos um acordo definitivo entre Israel e os palestinos.
S. A liderança do PAZ AGORA acredita que Arafat está fazendo o, assim chamado, esforço de 100% para refrear a violência palestina ?
D. Não acho que estejamos em posição de fazer um julgamento qualificado sobre se os palestinos estão fazendo um esforço de 100% ou não. Os palestinos dizem que não podem fazer 100% de esforço até que recebam 100% de liberdade de movimento para suas forças de segurança.
Mas vamos deixar isso de lado. Tem havido uma significativa melhora nas três semanas [seguintes à declaração de cessar-fogo de 16|12|01]. O que reacendeu a violência foi ação israelense. A violência havia caído dramaticamente pelo lado palestino. Pelo menos parte da responsabilidade da interrupção do processo está com o governo de Israel.
Didi Remez, 32, é capitão de reserva do Exército de Israel, onde comandou uma companhia de infantaria aerotransportada. É porta-voz do PAZ AGORA desde 1999. Antes disso dirigia a “Equipe de Monitoramento de Assentamentos do PAZ AGORA“.
[ Publicado na newsletter feb/2002 do Canadian Friends of Peace Now – traduzido por. Moisés Storch para o PAZ AGORA|BR ]
tags, Coalizão Israelense-Palestina pela a Paz, CFPN, unilateralismo, ocupação – diálogo