Segue carta aberta que foi enviada esta noite por proeminentes membros palestinos e israelenses da Coalizão da Paz, à luz da dramática deterioração da situação no Oriente Médio.
A carta é assinada pelos ministros da Autoridade Palestina Nabil Shaath e Yasser Abed Rabbo, pelo antigo ministro da Justiça israelense a destacado líder do partido Trabalhista, Yossi Beilin, e pelo líder israelense da oposição e do partido Meretz, Yossi Sarid.
Exorta os chefes de governo da União Européia a reunir as forças da paz num engajamento ativo e a se envolver ativamente com presença na região. Apela pelo fim do terrorismo e dos ataques suicidas, dos ataques à Autoridade Palestina e da punição coletiva do povo palestino.
Paz, Agora !
(Uri Zaki – Shalom Achshav)
Carta aberta à presidência da União Européia [por ocasião da Cúpula de Laeken]
Caro Primero-Ministro Verhofstadt,
Enquanto os senhores se reúnem neste fim-de-semana em Laeken, nós no Oriente Médio nos confrontamos com uma escalada trágica, aterrorizadora e desastabilizadora do conflito.
Se for permitida continuar, há uma real preocupação de que esta espiral de violência possa ter devastadores e talvez irreversíveis consequencias para nossos dois povos, israelense e palestino, para a região, e para a comunidade global.
Apelamos urgentemente aos senhores, os 15 Chefes-de-Estado da União Européia, a se alinhar conosco – as forças da paz – neste hora de necessidade, para evitar que as forças do extremismo e da intolerância vençam. Precisamos todos inequivocamente expressar nossa oposição ao uso da violência como ferramenta política.
A luta conta atos de terrorismo precisa ser concatenada e incansável.
Os perpetradores desses atos não são apenas os inimigos da paz, mas também inimigos de um futuro melhor para palestinos e israelenses.
Cabe a todas as partes criar as melhores condições para derrotar o terror.
Uma decisão determinada de lutar contra o terrorismo inclue facilitar e permitir a eficácia dos esforços da Autoridade Palestina nesse sentido. Isso não pode ser alcançado ao se alvejar a Autoridade Palestina, suas instituições e seus líderes.
Outras medidas, como as punições coletivas ou a re-ocupação de populações civis, confiscos de terras, e assassinatos também são contrárias a este fim, auto-destrutivas, e inerentemente erradas. O deplorável fenômeno dos terroristas suicidas tem que ser decididamente interrompido.
As lideranças eleitas de ambos os lados se mantem como os endereços relevantes para uma resolução pacífica. Uma resolução unilateral por uma parte não altera o fato de que a Autoridade Palestina e Israel são os únicos parceiros para a paz. Boicotar o outro lado, mesmo que por 24 horas é um erro político grave.
Teríamos preferido resolver nossas diferenças diretamente entre nós. Lamentavelmente, hoje nos encontramos em uma necessidade muito real de seu continuado e intensificado envolvimento. É mais importante do que nunca ajudar ambos os líderes, Sharon e Arafat, a concretizar um imediado cessar-fogo e uma retomada incondicional de negociações. O monitoramento e verificação de uma terceira parte é essencial para a solução.
Pedimos o seu engajamento ativo e contínuo e sua presença na região, tanto da Europa como do recentemente constituído e benvindo quarteto com os Estados Unidos, Nações Unidas e Rússia.
Existe um mapa de percurso – o Plano de Trabalho Tenet , o Relatório Mitchell , e a continuação das negociações de paz de janeiro deste ano em Taba. Eles indicam as raízes do nosso conflito – a necessidade de acabar com a ocupação e criar uma solução de dois Estados, onde israelenses e palestinos viverão lado-a-lado nos seus respectivos países, melhor garantindo paz e segurança.
O princípio central da soberania do Estado é um monopólio contra a legitimação do uso da força e da violência – quanto antes os palestinos tenham um Estado viável, mais rapidamente e mais efetivamente poderão adquirir o controle sobre múltiplos centros de violência em seus territórios, e daí erradicar o terror, enquanto estiverem criando a prosperidade econômica que deterá o crescimento do extremismo.
Endereçamos este apelo aos senhores, logicamente, a partir da nossa crença num mundo melhor, mas principalmente pelos próprios interesses nacionais de nossos respectivos povos. É uma visão e um auto-interesse dos quais estamos confiantes de que os senhores compartilham.
Se alguém escutar bem o suficiente, mesmo que de Laeken, uma voz de paz e sanidade vinda do Oriente Médio pode ser ouvida, e produzir efeitos.
14 de dezembro de 2001
Assinam:
– Yossi Sarid, deputado e líder da oposição do Knesset, Partido Meretz, Israel;
– Yossi Beilin, ex-ministro da Justiça, Partido Trabalhista, Israel;
– Yasser Abed Rabbo, ministro da Informação e Cultura, Autoridade Palestina;
– Nabil Shaath, ministro de Planejamento e Cooperação Internacional, Autoridade Palestina.
[ tradizido por Moisés Storch para o PAZ AGORA|BR ]