Shlomo Yosef Burg ( שלמה יוסף בורג) nasceu em Dresden, Alemanha, em 31|01|1909.
Frequentou o seminário rabínico Hildesheimer em Berlin de 1928 a 1938, quando foi ordenado rabino. Também estudou na Universidade de Berlim de 1928 a 1931 e recebeu o Doutorado em Matemática e Lógica da Universidade de Leipzig em 1933.
Durante os estudos em Leipzig, uniu-se ao movimento juvenil sionista-religioso Mizrahi. Organizou serviços religiosos judaicos em casas privadas após as sinagogas terem sido incendiadas na Alemanha e trabalhou secretamente para ajudar judeus a fugir para a Inglaterra e a Holanda. Sua mãe e sua avó morreram em campos de concentração nazistas.
Em 1939, emigrou para o então Mandato Britânico da Palestina, Trabalhou como professor no Ginásio Hebraico de Herzlyia, antes de se mudar para Jerusalém. Ali se tornou pesquisador da Universidade Hebraica.
Na Palestina, Burg se filiou ao partidosionista-religioso Hapoel HaMizrachi. Ao lado de três outros partidos religiosos, esse partido concorreu numa lista única, a Frente Religiosa Unida, para as primeiras eleições parlamentares de Israel, em 1949. O grupo conquistou 16 cadeiras e, eleito, Burg assumiu a vice-presidência do primeiro Knesset.
Nas eleições de 1951, seu partido concorreu sozinho levando oito cadeiras. Burg permaneceu deputado e se tornou Ministro da Saúde no terceiro governo. A partir do mandato seguinte foi Ministro dos Correios, cargo que ocupou até 1958.
Em 1956, o Hapoel HaMizrachi se fundiu aos outros partidos religiosos para formar o Partido Nacio9nal Religioso. O partido participou de todos os governos até 1992.
Em 1977, tornou-se presidente do Movimento Mundial Mizrachi. Como membro-chave do partido, manteve cargos ministeriais em todos os governos, até sua renúncia ao Knesset e aposentadoria da política em 1986, tendo ocupado as pastas de Ministro do Bem Estar, Ministro de Assuntos Internos, Ministro de Assuntos Religiosos e Ministro da Justiça.
Yosef Burg foi casado com Rivka Slonim, nascida em Hebron em uma família ali radicada por décadas e que sobreviveu ao massacre sofrido pela comunidade judaica local nas chamadas revoltas árabes de 1929. Rifka foi das poucas pessoas judias que sobreviveran àquela chacina, tendo sido escondida por vizinhos árabes.
Eles tiveram um filho, Avraham Burg, que teve uma carreira política destacada (chegou ao cargo de presidente do Knesset, parlamento de Israel, assim como intensa atividade pacifista e de diálogo com os palestinos. Avraham foi um dos fundadores do Movimento Shalom Achshav (PAZ AGORA) e um dos negociadores e signatários do “Acordo de Genebra” com lideraças israelenses e palestinas. Sua única irmã é médica.
Em 1983, durante seu mandato como Ministro da Justiça do governo Begin, houve a Primeira Guerra do Líbano, comandada pel9 general Ariel Sharon. Ao mesmo tempo, seu filho Avraham, que participava da liderança do PAZ AGORA, foi ferido por estilhaços de uma granada lançada por um colono extremista sobre uma manifestação que pedia a incriminação e destituição de Sharon por crimes de guerra.
A mesma explosão matou o amigo Emil Grunzweig, no primeiro assassinato político da história de Israel, prenunciando o clima de intolerância que levou ao assassinato do primeiro ministro Yitzhak Rabin dois anos depois.
A morte de Grunzweig não foi em vão. Desencadeou a queda de Sharon e a retirada israelense do Líbano. Após saber dos eventos de Sabra e Shatila, o então primeiro-ministro Menahem Begin entrou em grave depressão e renunciou ao cargo.
Yosef Burg era famoso por sua erudição e oratória. Suas falas no parlamento eram apelidadas de “Burgtheater”, parafraseando o nome do famoso teatro em Viana. Faleceu em 15|10|1999 aos 90 anos.
Nas palavras de Shimon Peres, o mais importante legado de Burg foi o seu esforço para fazer uma ponte entre judeus religiosos e seculares: “Ele era um homem religioso que acreditava no diálogo”.